quarta-feira, 30 de abril de 2008

Antártida

A Antártica, Antártida ambos os termos no Brasil ou Antárctida (em Portugal) é o mais meridional dos continentes e um dos menores, com catorze milhões de quilómetros quadrados. Rodeia o Pólo Sul, e por esse motivo está quase completamente coberto por enormes geleiras (glaciares), excepção feita a algumas zonas de elevado declive nas cadeias montanhosas e à extremidade norte da Península Antártica. Sua formação se deu pela separação do antigo supercontinente Gondwana e seu resfriamento aconteceu nos últimos quarenta milhões de anos.

Possui baixa precipitação no interior, mas não pode ser considerado o maior deserto do planeta devido às baixas taxas de evapotranspiração(a quantidade de água que poderia evaporar numa dada região). Como tal, apenas espécies muito adaptadas como pinguins e musgos conseguem sobreviver.

Juridicamente, a Antártica está sujeita ao Tratado da Antártida, pelo qual as várias nações que reivindicavam territórios no continente (Argentina, Austrália, Chile, França, Noruega, Nova Zelândia e Reino Unido) concordam em suspender as suas reivindicações, abrindo o continente à exploração científica.

Por esse motivo, e pela dureza das condições climáticas, não tem população permanente, embora tenha uma população residente de cientistas e pessoal de apoio nas bases polares, que oscila entre mil (no inverno) e quatro mil pessoas (no verão). Apenas lá moram provisoriamente os cientistas em base de investigação.

Índice [esconder]
1 História
2 Geografia
2.1 Relevo
2.2 Clima
3 Demografia
4 Geologia
4.1 Paleozóico
4.2 Mesozóico
4.3 Divisão da Gondwana
4.4 Geologia atual
4.5 Recursos naturais
5 Meio ambiente
5.1 Flora
5.2 Fauna
6 Infra-estrutura
6.1 Comunicação
6.2 Transportes
7 Política
7.1 Territórios da Antártica
7.2 Os países interessados em participar numa futura divisão territorial da Antártica
8 Economia
9 Pesquisas
10 Curiosidades
11 Tratado da Antártida
12 Notas
13 Referências
14 Ver também
15 Ligações externas



[editar] História
Ver artigo principal: História da Antártica

O navio de Shackleton, Endurance, preso no gelo durante a expedição de 1914.Como não há povos nativos da Antártica, a sua história é a da sua exploração. É muito provável que os povos de regiões próximas ao continente tenham sido os primeiros a explorá-lo: os povos Aush da Terra do Fogo, por exemplo, falam sobre o "país do gelo" e um chefe maori de nome Ui-Te-Rangiora teria atingido a região em 650 d.C[1][2]. No entanto, esses povos não deixaram vestígios de sua presença.

As primeiras expedições documentadas começam no século XVI. Américo Vespúcio relatou o registro visual de terras a 52°S. Várias expedições aproximaram-se gradativamente do continente sem, no entanto, ter-se a certeza de que se tratava realmente de um continente ou de um conjunto de ilhas, até às expedições de James Cook, o primeiro a circunavegá-lo entre 1772 e 1775 sem o avistar, devido à névoa e aos icebergs.

A ocupação humana propriamente dita começa na primeira metade do século XIX, quando navios baleeiros chegavam à região das Ilhas Sanduíche do Sul. Nesse período, James Weddell e Ross descobriram os mares que hoje levam seus nomes. Este último fez uma viagem de exploração na qual descobriu ainda a Ilha de Ross, os montes Erebus e Terror e a Terra de Vitória, retornando em 1843[2]. Realizados em 1895 e 1889, os dois Congressos Internacionais de Geografia obtêm relativo sucesso em seu chamado pela exploração do continente meridional, pois diversas expedições nacionais foram realizadas.


Paisagem típica da AntárticaNo início do século XX, os exploradores se voltam para a conquista do Pólo Sul. Ernest Henry Shackleton organizou uma expedição em 20 de outubro de 1908, sendo obrigado a retornar sem atingir o Pólo. Seguem-se a ele, Roald Amundsen e Robert Falcon Scott em uma verdadeira corrida, pois partem com apenas duas semanas de diferença em outubro de 1911 a partir da Plataforma de Ross. Amundsen atinge o Pólo em 14 de dezembro de 1911, retornando em janeiro. O grupo de Scott chega ao ponto em 17 de janeiro e encontra a bandeira norueguesa. No caminho de volta, os cinco expedicionários morrem de fome e exaustão.

Após a conquista do pólo, restava ainda a façanha de atravessar o continente de costa a costa. Shackleton assumiu a tarefa na Expedição Imperial Transantártica, em 1914, que não obteve sucesso por uma série de dificuldades, a primeira delas foi os navios terem ficado presos no gelo e afundado.

Richard Evelyn Byrd, explorador dos Estados Unidos, foi o primeiro a sobrevoar o Pólo Sul em 28 e 29 de novembro de 1929 após o que conduziu diversas viagens de avião à Antártica nos anos 30 e nos anos 40. Ele também realizou extensas pesquisas geológicas e biológicas[3]. Atualmente, após o Tratado da Antártica, muitos países mantêm bases de pesquisa permanente e a ocupação humana é constante.


[editar] Geografia
Ver artigo principal: Geografia da Antártica

Montanhas na Antártica.
Imagem de satélite da Antártica.
A Europa inscrita na Antártica (por comparação)A maior parte do continente Austral está localizada ao sul do Círculo Polar Antártico, circundada pelo Oceano Antártico. É a massa de terra mais meridional e compreende mais de 14 milhões de quilômetros quadrados, tornando-se o quinto maior continente. Sua costa mede 17.968 quilômetros e é caracterizada por formações de gelo, como mostra a tabela:

Tipos de costa ao longo da Antártica (Drewry, 1983) Tipo Ocorrência
Plataforma de gelo (gelo flutuante) 44%
Paredes de gelo (sobre o solo) 38%
Correntes de gelo (limite do gelo ou parede de gelo) 13%
Rocha 5%
Total 100%

Fisicamente, ela é dividida em duas partes pelos Montes Transantárticos perto do estreitamento entre o Mar de Ross e o Mar de Weddell: a Antártica Oriental, ou Maior, e a Antártica Ocidental, ou Menor, porque correspondem aproximadamente aos hemisférios ocidental e oriental em relação ao meridiano de Greenwich.

Aproximadamente 98% da Antártica estão cobertos por um manto de gelo. O manto de gelo tem em média 2 quilômetros de espessura. Essa cobertura de gelo contém 70%[4] de toda a água doce do planeta e torna o continente antártico aquele de maior altitude média. O gelo forma barreiras que se estendem para além da costa, formando banquisas, ou plataformas, a maior das quais é a de Ross. De sua ruptura originam-se os icebergs. Graças ao peso desse gelo, a maior parte do continente está abaixo do nível do mar.

Em grande parte do interior do continente a precipitação média anual fica entre 30 e 70 mm[5]; em algumas áreas de "gelo azul" a precipitação é mais baixa do que a perda de massa pela sublimação e, assim, o balanço local é negativo. Nos vales secos o mesmo efeito ocorre sobre uma base de rochas, conduzindo a uma paisagem esturricada.


A Antártica sem sua cobertura de gelo. Esse mapa não considera que o nível do mar e do continente se elevariam pelo derretimento do gelo.A Antártica Ocidental é coberta pela manto de gelo da Antártica Ocidental. Esta chamou atenção recentemente por causa da possibilidade real de seu colapso. Se derretesse, o nível do mar elevar-se-ia em vários metros em um curto espaço de tempo geológico, talvez em questão de séculos. Diversos fluxos de gelo Antártico, que correspondem a aproximadamente 10% da cobertura de gelo, correm para uma das muitas plataformas.

A Antártica tem mais de 70 lagos que se encontram sob a superfície de gelo continental. O lago Vostok, descoberto abaixo da estação Vostok Russa em 1996, é o maior deles. Acredita-se que o lago esteve selado por 35 milhões de anos. Há também alguns rios no continente, o maior dos quais é o rio Onyx com 30 quilômetros que desagua no lago Vanda a 75 metros de profundidade.


[editar] Relevo

Monte Erebus.Na Antártica Oriental encontram-se os Montes Transantárticos (ou Cadeia Transantártica) que se estende por 4.800 quilômetros, desde a Terra de Vitória à Terra de Coasts. Na Ocidental está a Península Antártica, ao sul da qual se encontram os Montes Ellsworth e o Maciço Vinson, ponto mais elevado do continente com 5.140 metros. Localizadas entre suas cordilheiras, há sete geleiras na Antártica, das quais a maior é a Geleira Byrd.

Embora seja lar de muitos vulcões, apenas uma cratera na Ilha Decepção e o Monte Erebus expelem lava atualmente, a primeira desde 1967. O Monte Erebus, de 4.023 metros de altitude e localizado na Ilha de Ross, é o vulcão ativo mais ao sul do mundo. Pequenas erupções são comuns e fluxos de lava foram observados em anos recentes.


[editar] Clima
Ver artigo principal: Clima da Antártica

O gelo azul cobrindo o Lago Fryxell, nos Montes Transantárticos, origina-se do derretimento de gelerias.A Antártica é o continente mais frio e seco da Terra, um grande deserto. A precipitação média anual fica entre 30 e 70 mm[5]. Além disso, as temperaturas médias em sua região central ficam entre -30°C e -65°C[5], sendo a menor temperatura do mundo, -89,2°C, documentada na base russa de Vostok, a aproximadamente 3.400 metros de altitude no dia 21 de Julho de 1983. Devido à influência das correntes marítimas, as zonas costeiras apresentam temperaturas mais amenas, entre os -10°C e -20°C.


A glaciação de uma montanha.Estima-se que apesar dos seis meses de escuridão do inverno, a incidência da energia solar no Pólo Sul seja semelhante à recebida anualmente no equador, mas 75% dessa energia é refletida pela superfície de gelo.[6]

A Antártica Oriental é mais fria que a Ocidental por ser mais elevada. As massas de ar raramente penetram muito no continente, deixando seu interior frio e seco. O gelo no interior do continente dura muito, apesar da falta de precipitação para renová-lo. A queda de neve não é rara no litoral, onde já se registrou a queda de 1,22 metro em 48 horas. Também é um continente com ventos fortes, registrando-se ventos com velocidades superiores a 140 km/h nas costas. No interior, entretanto, as velocidades são tipicamente moderadas.

A Antártica é mais fria do que o Ártico por dois motivos: em primeiro lugar, grande parte do continente está a mais de três quilômetros acima do nível do mar. Em segundo lugar, a área do Pólo Norte é coberta pelo Oceano Ártico e o relativo calor do oceano é transferido através do gelo, impedindo que as temperaturas nas regiões árticas alcancem os extremos típicos da superfície da terra no sul.

Alguns eventos climáticos são comuns na região. A aurora austral, conhecida como luzes do sul, é um brilho observado durante a noite perto do Pólo Sul. Outro acontecimento é o pó de diamante, neblina composta de pequenos cristais de gelo. Forma-se geralmente sob céu limpo, por isso as pessoas referem-se a ele como precipitação de céu limpo. Falsos sóis, brilhos formados pela reflexão da luz solar em cristais de gelo, conhecidos como parélio, são uma manifestação óptica atmosférica comum[7].


Icebergs do tipo "Tabular".

[editar] Demografia
Ver artigo principal: Demografia da Antárctica

Trabalho de campo.Embora a Antártica não tenha residentes permanentes, alguns governos mantêm estações de pesquisa permanentes por todo o continente. A população de cientistas no continente e nas ilhas subantárticas varia de aproximadamente quatro mil no verão a mil no inverno. Muitas das estações de pesquisa mantêm pessoal durante todo o ano.

Os primeiros habitantes semipermanentes das áreas subantárticas eram marinheiros da Inglaterra e Estados Unidos que costumavam passar um ano ou mais na Geórgia do Sul, de 1786 em diante. Durante a era da caça à baleia, que durou até 1966, a população da ilha variava de mil no verão (ou dois mil em alguns anos) a duzentas no inverno. A maioria dos baleeiros era norueguesa, com crescente proporção de britânicos. Os povoados incluíam Grytviken, Leith Harbour, Ponto Rei Eduardo, Stromness, Husvik, Prince Olav Harbour, Ocean Harbour e Godthul.


Dois pesquisadores dos Estados Unidos estudando o plâncton em microscópios.Os administradores e outros oficiais encarregados das estações baleeiras muitas vezes viviam junto com suas famílias. Entre eles estava o fundador de Grytviken, o Capitão Carl Anton Larsen, um importante baleeiro norueguês e explorador que adotou a cidadania britânica em 1910 junto com a família.

A primeira criança nascida na região polar do sul foi uma menina norueguesa Solveig Gunbjörg Jacobsen, na cidade de Grytviken em 8 de Outubro de 1913, e seu nascimento foi registrado pelo magistrado britânico residente na Ilha Geórgia do Sul. Era filha de Fridthjof Jacobsen, administrador assistente da estação baleeira, e de Klara Olette Jacobsen. Jacobsen chegou à ilha em 1904 para tornar-se o administrador de Grytviken, servindo de 1914 a 1921; duas de suas crianças nasceram na ilha[8].

Emilio Marcos de Palma foi o primeiro a nascer no continente, na Base Esperanza em 1978. Seus pais haviam sido enviados para lá junto com sete outras famílias pelo governo argentino para determinar se a vida em família era possível no continente. Em 1984, Juan Pablo Camacho nasceu na base de Presidente Eduardo Frei Montalva, sendo o primeiro chileno nascido na Antártica. Diversas bases são agora lar de famílias com crianças que vão a escolas em estações[9].


[editar] Geologia
Há mais de 170 milhões de anos, a Antártica fazia parte da Gondwana. Ao longo do tempo, a Gondwana dividiu-se e a Antártica como é hoje formou-se por volta de 25 milhões de anos atrás.


[editar] Paleozóico

O monte Herschel.No período Cambriano, entre 540 e 250 milhões de anos atrás, o clima na Gondwana era ameno. A Antártica Ocidental estava parcialmente no hemisfério norte, e durante este período grandes quantidades de arenito, calcário e xisto foram depositados. A Antártica Oriental estava no equador, onde invertebrados e trilobitas floresciam no fundo dos mares tropicais. Por volta do início do período Devoniano (416 milhões de anos) a Gondwana estava em latitudes mais ao sul e o clima mais frio, embora fósseis de plantas deste período sejam conhecidos. Areia e siltes assentaram-se no que são agora os Montes Ellsworth, os Montes Horlick e os de Pensacola. A glaciação começou no fim do período Devoniano (360 milhões de anos) enquanto movia-se em direção ao pólo sul e o clima esfriou, embora ainda houvesse flora. Durante o período Permiano, pteridófitas que cresciam em pântanos dominavam a paisagem. Com o tempo estes pântanos transformaram-se em depósitos de carvão nos Montes Transantárticos. Um aquecimento contínuo ao fim do Permiano tornou o clima quente e seco na maior parte da Gondwana. [10]

[editar] Mesozóico

Estreito de Bransfield.Como resultado do aquecimento contínuo, entre 250 e 65 milhões de anos atrás, a cobertura de gelo polar derreteu e grande parte da Gondwana transformou-se em um deserto. Na Antártica Oriental pteridospermatophytas, espécie de pteridófita atualmente extinta, tornaram-se comuns, e grandes quantidades de arenito e de xisto assentaram-se. A Península Antártica começou a se formar durante o período Jurássico (entre 206 e 146 milhões de anos atrás), e as ilhas subantárticas emergiram gradualmente do oceano. Nogueiras-do-Japão e cicadáceas eram abundantes durante este período, bem como répteis. No período Cretáceo (entre 146 e 65 milhões de anos atrás), a Antártica Ocidental foi dominada por florestas de coníferas, embora notofagáceas tenham começado a dominar no fim deste período. Amonites eram comuns nos mares em torno da Antártica, e também havia dinossauros, embora somente duas espécies antárticas tenham sido encontradas até agora (Criolofossauro e Antarctopelta). Foi durante esse período que a Gondwana começou a separar-se.

[editar] Divisão da Gondwana
A África separou-se da Antártica por volta de 160 milhões de anos atrás, seguida pela Índia no início do Cretáceo (aproximadamente 125 milhões de anos). Há 65 milhões de anos atrás, a Antártica (ainda conectada a Austrália) tinha um clima entre tropical e subtropical, somado a uma fauna de marsupiais. Há 40 milhões de anos atrás, a Austrália unida a Nova Guiné separou-se da Antártica e o gelo começou a aparecer. Por volta de 23 milhões de anos atrás, o surgimento da passagem de Drake entre a Antártica e a América do Sul resultou no aparecimento da Corrente Circumpolar Antártica. O gelo propagou-se, substituindo as florestas que cobriam o continente. O continente está coberto de gelo desde 15 milhões de anos atrás[11].


[editar] Geologia atual
Os estudos geológicos da Antártica foram dificultados pelo fato de quase todo o continente ser coberto permanentemente com uma grossa camada de gelo. Entretanto, novas técnicas como o sensoreamento remoto começaram a revelar as estruturas por debaixo do gelo.


Geleira na Península Antártica.Geologicamente, a Antártica Ocidental assemelha-se aos Andes[10]. A península Antártica foi formada pela elevação e metamorfismo de sedimentos do leito do mar durante o final das eras Mesozóica e Paleozóica. Esta elevação de sedimentos foi acompanhada de intrusões ígneas e vulcanismo. As rochas mais comuns na Antártica Ocidental são o andesito e o riolito formadas durante o período Jurássico. Há evidências de vulcanismo, mesmo depois da formação do manto de gelo, na Terra de Marie Byrd e na Ilha de Alexandre. A única área atípica da Antártica Ocidental é a dos Montes Ellsworth, a região onde a estratigrafia é mais parecida com a da parte oriental do continente.

A Antártica Oriental é geologicamente muito velha, datando do pré-cambriano, com algumas rochas formadas há mais de três bilhões de anos atrás. É formada de uma plataforma metamórfica e ígnea que é a base do escudo continental. Acima desta base estão várias rochas mais modernas, como arenito, calcário, carvão e xisto colocadas durante os períodos Devoniano e Jurássico para dar forma aos Montes Transantárcticos. Em áreas costeiras como a Cordilheira Shackleton e a Terra de Victoria algumas falhas geológicas foram encontradas.

O principal recurso mineral conhecido no continente é o carvão[11]. Inicialmente, foi encontrado por Frank Wild perto da Geleira de Beardmore na expedição do Nimrod, e conhece-se a existência de carvão de baixa qualidade em muitas partes dos Montes Transantárticos. As Montanhas Príncipe Charles contêm depósitos significativos de minério de ferro. Os recursos mais valiosos da Antártica estão localizados ao largo dela, a saber, campos petrolíferos e de gás natural encontrados no Mar de Ross em 1973. A exploração de todos os recursos minerais está proibida até 2048 pelo Protocolo de Proteção Ambiental do Tratado da Antártica.


[editar] Recursos naturais
O potencial de recursos naturais da Antártida pode ser enorme, havendo indícios de cobre, ouro, chumbo, prata, platina, cromo, carvão, minério de ferro, petróleo e gás natural. No entanto, em 1988, os membros do Tratado da Antártida decidiram que os projetos de exploração econômica estavam proibidos, temendo que a poluição colocasse em risco o continente e seu processo de arquivo de climas.


[editar] Meio ambiente

O buraco na camada de ozônioAs condições de vida na Antártica limitam a variedade da mesma encontrada em terra e, apesar, de seu isolamento, a atividade humana trouxe problemas como o lixo das estações de pesquisa, o buraco na camada de ozônio sobre o continente, o turismo e o aquecimento global. O buraco pode inclusive ameaçar as teias alimentares, pois a luz ultravioleta afeta o crescimento do fitoplâncton do qual se alimenta o krill. Mas o problema tem se reduzido ao passar dos anos, devido a proibição de produtos com CFCs.

[editar] Flora
As principais dificuldades para o crescimento dos vegetais na Antártica são os fortes ventos, a curta espessura do solo e a limitada quantidade de luz solar, durante o verão.

Por isso, a variedade de espécies de plantas na superfície é limitada a plantas "inferiores", como musgos e hepáticas. Além disso há uma comunidade autotrófica, formada por protistas. A flora continental consiste em líquens, briófitas, algas e fungos. O crescimento e a reprodução ocorrem geralmente no verão.

Há mais de 200 espécies de líquens e aproximadamente 50 espécies de briófitas, tais como musgos. No continente existem 700 espécies de algas, a maioria das quais forma o fitoplâncton. Diatomáceas e algas da neve, algas microscópicas que crescem na neve e no gelo dando-lhes coloração, são abundantes nas regiões costeiras durante o verão. Há duas espécies de plantas que florescem e são encontradas na península Antártica: Deschampsia antarctica e Colobanthus quitensis[12].


[editar] Fauna

Pinguins imperadoresO krill é muito importante para a maior parte das teias alimentares, servindo de alimento para lulas, baleias, focas, como a foca-leopardo, pinguins e outras aves. As aves mais comuns são os pinguins, os albatrozes e os petréis, no entanto, somente 13 espécies fazem seus ninhos em terra firme, geralmente no litoral, e partem para regiões mais quentes no inverno. Enquanto todas as demais migram, duas espécies de pinguim permanecem e migram para o interior: o pinguim imperador, maior espécie, e o pinguim-de-adélia. Por volta de abril, machos e fêmeas dos pinguins imperadores migram cem quilômetros para o sul, as fêmeas voltam para o litoral para se alimentar, só voltando em julho e os machos se agrupam para se aquecerem.


Krill Antártico (Euphausia superba), base de muitas teias alimentares.A fauna dos mares em torno da Antártica é bastante rica. Em particular é composta por uma miríade de invertebrados como esponjas, anêmonas, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar anelídeos, crustáceos e moluscos e entre os mais abundantes estão o isópode Glyptonotus antarticus e o molusco Nacella concinna comum nas zonas costeiras. As condições ambientais afetam o crescimento e a reprodução desses animais: eles se tornam maiores e crescem mais lentamente, se reproduzindo de forma mais lenta em comparação com seus primos de regiões quentes.

A aprovação do Ato de Conservação da Antártica trouxe severas restrições ao continente. A introdução de plantas ou dos animais estrangeiros pode ser punida criminalmente, bem como a retirada de qualquer espécie nativa. O excesso de pesca do krill, de grande importância para o ecossistema local, fez com que a pesca fosse regulamentada e controlada. A Convenção para Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR, em inglês), um tratado que entrou em vigor em 1980, requer que regulamentos sobre o Oceano Antártico levem em conta os potenciais efeitos sobre todo o ecossistema Antártico. Apesar destes novos regulamentos, a pesca ilegal, particularmente da merluza-negra, continua sendo um sério problema. A pesca ilegal da merluza aumentou, para cerca de trinta e duas mil toneladas em 2000[13][14].


[editar] Infra-estrutura

[editar] Comunicação

Correios na Antártica.As comunicações na Antártica já foram dificultadas pelo isolamento do continente, mas no presente as comunicações por satélite possibilitam a conversação de cientistas com suas famílias pela internet. Embora não haja cabos telefónicos para o continente, os telefones via satélite também são utilizados e os telefones convencionais são utilizados para comunicações internas nas bases, aviões e navios da região[15]. Há pelo menos uma estação de televisão transmitindo no continente, para a Estação McMurdo dos Estados Unidos, além de estações de rádio, AM e FM, e de comunicação através de ondas curtas como o radioamadorismo[15]. O correio chega à Antártica através de helicópteros e navios.

[editar] Transportes
Os transportes na Antártica evoluíram desde os trenós puxados por cães na época de Shackleton aos veículos motorizados atuais. Os meios de transporte em áreas remotas como a Antártica têm que lidar com as baixas temperaturas e os fortes ventos para garantir a segurança dos passageiros. Devido à fragilidade do ecossistema antártico, poucos deslocamentos podem ser feitos e a utilização de transportes sustentáveis é necessária para minimizar os efeitos no espaço ecológico. A infra-estrutura em água, solo e ar precisa ser segura. Presentemente, milhares de turistas e cientistas utilizam o sistema de transportes da Antártica.

O transporte por terra é feito a pé (por meio de esquis e sapatos de neve) ou veículos (veículos motorizados como as motos de neve, escavadeiras e no passado, trenós puxados por cães). A escassez e baixa qualidade das estradas limitam as viagens por terra. Em geral, os veículos precisam estar adaptados com pneumáticos mais grossos, correias como as dos carros de combate ou correntes[16].


Navio de exploração na Antártica.O único porto da Antártica fica na Estação McMurdo[15]. A maioria das estações costeiras tem ancoradouros e os suprimentos são transportados dos navios para a praia em pequenos barcos e helicópteros. Poucas estações têm cais. Todos os navios ancorados são submetidos à inspeção de acordo com o artigo sete do Tratado da Antártica[15]. As ancoragens costeiras são raras e intermitentes. Normalmente é necessário que um navio quebra-gelo abra caminho antes que outros navios possam navegar.

O transporte aéreo é feito por meio de aviões e helicópteros. Os aviões precisam de esquis ou rodas para pousar. As pistas de pouso e decolagem dos aviões e os heliportos têm que ser mantidas livres de neve para assegurar pousos e decolagens seguras. O continente tem 32 aeroportos, mas não há aeroportos abertos ao acesso público ou instalações de pouso[15]. Trinta estações, operadas por 16 governos signatários do Tratado da Antártica, têm instalações de pouso para helicópteros e aviões. Empresas comerciais operam ainda duas instalações aeroportuárias[15]. Heliportos estão disponíveis em 27 estações[15]. As pistas de pouso e decolagem em 15 locais são feitas de cascalho, banquisas, gelo azul ou neve compactada apropriados para pousos de aviões com pneus. As pistas de pouso são em geral pequenas[15].

Os aeroportos da Antártica estão sujeitos a severas limitações por causa das condições climáticas e geográficas. Eles não atendem aos padrões da Organização da Aviação Civil Internacional[15] e a aprovação das organizações governamentais ou não-governamentais responsável é necessária antes do pouso.


[editar] Política

Reabastecimento pelo navio da Marinha Uruguaia, 'Vanguardia'.
Base antartica brasileira Comandante Ferraz.Como único continente inabitado, a Antártica não tem nenhum governo e não pertence a nenhum país. Vários países reivindicam áreas, mas estas reivindicações não são reconhecidas por outros. A área entre 90°W e 150°W é a única parte da Antártica, na verdade a única da Terra, não reivindicada por nenhum país[15].

Desde 1959, as reivindicações na Antártica estão suspensas e o continente é considerado politicamente neutro. Sua situação é regulada pelo Tratado da Antártica de 1959 e por outros acordos relacionados, chamados em seu conjunto de Sistema de Tratados Antárticos. Para as finalidades do Sistema de Tratados, a Antártica é definida como toda a terra e plataformas de gelo em torno dos 60°S. O tratado foi assinado por 12 países, incluindo a União Soviética e os Estados Unidos da América. Ele transformou a Antártica em uma área de preservação científica, estabeleceu a liberdade de investigação científica, a proteção ambiental, e baniu exercícios militares no continente. Este foi o primeiro acordo para o controlo de armas estabelecido durante a Guerra Fria.

O Tratado da Antártica proíbe quaisquer operações militares na Antártica, tais como o estabelecimento de bases e de fortificações militares, a realização de manobras militares, ou o teste de qualquer tipo de arma. Pessoal e equipamento militar são permitidos apenas para pesquisa científica ou para outros propósitos pacíficos[17]. A única operação militar em larga escala documentada foi a Operación 90, empreendida pelas forças armadas da Argentina[18] dez anos antes de estabelecido o Tratado.


[editar] Territórios da Antártica

Reivindicações territoriais na Antártica.País Território Limites Data
Argentina Terra do Fogo De 25°W a 74°W 1943
Austrália Território Antárctico Australiano De 160°E a 142°2'W e 136°11'W a 44°38'E 1933
Chile Região de Magalhães e Antártica Chilena De 53°W a 90°W 1940
França Terra Adélia De 142°2'E a 136°11'E 1924
Nova Zelândia Dependência de Ross De 150°W a 160°E 1923
Noruega Terra da Rainha Maud De 44°38'E a 20°W 1939
Ilha de Pedro I De 68°50'S a 90°35'W 1929
Reino Unido Território Britânico da Antártica De 20°W a 80°W 1908
Nenhum Territórios não reclamados De 90°W a 150°W

As reivindicações argentina, britânica e chilena sobrepõem-se. A Austrália tem a maior reivindicação de território na Antártica.


[editar] Os países interessados em participar numa futura divisão territorial da Antártica
Este grupo de países que participam como membros consultivos do Tratado da Antárctida, têm interesse no continente Antártico territorial, mas por disposições do Tratado Antártico não pôde apresentar as suas alegações durante a sua validade.[19][20]

Brasil
Espanha
Peru
África do Sul
Os Estados Unidos da América e a Rússia não reconhecem nenhuma reivindicação territorial na Antártica, e reservaram-se o direito de fazer suas próprias reivindicações.

A Alemanha também manteve uma reivindicação chamada Nova Suábia, entre 1939 e 1945. Ela estava situada entre 20°E e 10°W, sobrepondo a reivindicação da Noruega.


[editar] Economia
Ver artigo principal: Economia da Antártica

O comércio ilegal da merluza-negra levou a várias prisões. Na imagem, o Peixe gelo, espécie irmã.Ainda que o carvão, os hidrocarbonetos, o minério de ferro, a platina, o cobre, o crômio, o níquel, ouro e outros minerais tenham sido encontrados, eles existem em quantidades pequenas demais para a exploração. O Protocolo de Proteção Ambiental para o Tratado da Antártica (ou Protocolo de Madri) de 1991 também restringe disputas por recursos. Em 1998 um compromisso pela proibição da mineração por 50 anos até o ano 2048, e desenvolvimento econômico e exploração mais limitados foram alcançados. A atividade primária básica é a captura e comércio de peixes. A pesca Antártica entre 2000 e 2001 chegou a 112.934 toneladas[15][21].


Passeio turístico.O turismo em pequena escala existe desde 1957 e é atualmente auto-regulado pela Associação Internacional das Operadoras de Turismo Antártico (IAATO, em inglês). Entretanto, nem todas as embarcações uniram-se à IAATO. Muitos navios transportam pessoas para locais turísticos específicos. Um total de 27.950 turistas visitou a Antártica no verão de 2004 a 2005, quase todos vindos de navios comerciais. Esse número deverá aumentar para 80 mil em 2010[22][23]. Houve algumas preocupações recentes sobre os efeitos ambientais causados pelo influxo de visitantes. Ambientalistas e cientistas fizeram apelos por maiores restrições aos navios e ao turismo[24]. Sobrevôos da Antártica (que não aterrissam) vindos da Austrália e Nova Zelândia eram realizados até o acidente do vôo 901 da Air New Zealand em 1979 no monte Erebus, e foram recomeçados da Austrália na metade da década de 1990.

[editar] Pesquisas

A Lua cheia e 25 segundos de exposição permitiram a entrada de luz suficiente nesta foto tirada na Estação Pólo Sul Amundsen-Scott durante a longa noite Antártica. A nova estação pode ser vista no fundo à esquerda, a usina de energia no centro e a antiga garagem no primeiro plano à direita.Anualmente, cientistas de 27 nações conduzem experimentos impossíveis de reprodução em outros lugares do mundo. No verão mais de 4.000 cientistas operam estações de pesquisa e este número diminui para quase 1.000 no inverno[15]. A Estação McMurdo é capaz de abrigar mais de 1.000 cientistas, visitantes e turistas.

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