quarta-feira, 16 de abril de 2008

A fauna da Antártida

A fauna antártica, de modo geral, é caracterizada, basicamente, pela pequena variedade de espécies, grande número de indivíduos e pelo ciclo sucessivo de migração.
Na Antártica, existe uma pequena variedade de aves se comparadas, por exemplo, com as aves da Amazônia. Em contrapartida, as aves antárticas apresentam-se em quantidades muito superiores. Podem-se encontrar mais de 2 milhões de albatrozes de uma única espécie, reunidos num mesmo local, na época de procriação, ou mesmo colônias de pingüins com 1,5 milhões de indivíduos.
O reduzido número de espécies de aves deve-se à cadeia alimentar bastante simplificada, com poucas opções alimentares e a pouca disponibilidade de locais adequados à reprodução. O rigor do clima não é o fator principal para o reduzido número de espécies, já que existem imensas populações de aves de uma determinada espécie que, evidentemente, estão adaptadas às condições alimentares e de procriação disponíveis nas regiões antárticas.
As aves mais características da Antártica são os pingüins. São bastante adaptados à vida aquática. Suas asas transformaram-se em verdadeiros remos, nadam com bastante rapidez, atingindo velocidades de até 40 quilômetros por hora, chegando a mergulhar até 250 metros de profundidade, permanecendo submersos por até 18 minutos. No mar, avançam saltando para fora d'água como os golfinhos, para diminuir o atrito com a água e para respirar.
A maior parte das espécies habitam regiões de água fria e, para reduzir a perda de calor, possuem uma grossa camada de gordura sob a pele e uma espessa proteção de penas. Sempre que retornam do mar, os pingüins fazem a impermeabilização de suas penas, que são untadas com óleo retirado de uma glândula especial. Esse procedimento, efetuado com o bico, confere um eficiente isolamento hídrico e térmico para enfrentar os rigores do clima.
Os pingüins possuem uma grande capacidade de adaptação tanto à vida na terra quanto no mar. O branco de seu ventre ilude os predadores que vem de baixo, como as focas e as baleias, e o preto do dorso engana as aves de rapina, como as skuas e os petréis, que observam do alto. De todas as espécies de pingüins que habitam a Antártica, somente o pingüim-imperador e o pingüim-adélia nidificam no Continente Antártico. As demais espécies ocupam a Península Antártica e ilhas próximas e outras ilhas subantárticas.
Os seus principais predadores são as skuas que atacam os seus ninhos, "roubando" ovos e filhotes. Os ninhos vazios permanecem ocupados pelos pais, contribuindo para a proteção da colônia, revelando um elevado caráter de proteção de grupo. Assim procedendo, evitam que ninhos mais do interior da colônia sejam predados pelas skuas. No mar, são predados por algumas espécies de focas, que atacam tanto os filhotes quanto os adultos.
A skua, Catharacta skua, ou gaivota rapineira, é também uma das aves mais características da Antártica. Possui bico forte em forma de gancho e plumagem escura. Essas aves são bastante agressivas e defendem seu território contra todos os invasores, inclusive o homem, lançando-se em vôo rasante sobre ele. Possuem uma atração especial por ovos e pequenos filhotes de pingüins. As skuas vivem em casais e seus ninhos são covas construídas nos musgos, onde põem de um a dois ovos de um verde cinza-oliva com manchas escuras. Seus filhotes são de cor marrom acinzentado claro. Uma característica interessante dessas aves é que elas podem migrar para o Ártico, durante o inverno antártico. Em 1979, uma skua polar, anilhada para estudo, próxima à estação americana Palmer, foi encontrada seis meses depois por esquimós na Groenlândia, tendo percorrido 14 mil quilômetros.
Os petréis são aves meramente marítimas que, em período de procriação, procuram o Continente Antártico ou as suas ilhas. Existem nos mais variados tamanhos e suas narinas localizam-se na parte superior do bico. O petrel-gigante, Macronectes giganteus, possui envergadura de aproximadamente 2,10 metros. Seu corpo tem cerca de 90 centímetros. Geralmente são da cor marrom, com a cabeça um pouco mais clara. Certos exemplares têm coloração branca, com manchas pretas no corpo. Seus filhotes são da cor branca. Os petréis-gigantes alimentam-se de qualquer animal recentemente morto ou já em decomposição, mas também caçam, especialmente, pingüins.
A pomba-do-cabo, Daption capense, tem a cabeça negra e o dorso branco com numerosas pintas escuras. São localizadas, freqüentemente, nas proximidades das embarcações, em grupos de muitos indivíduos. Fazem seus ninhos entre as rochas, nas saliências das escarpas à beira-mar e alimentam-se de peixes.
Já a pomba-antártica, Chionis alba, vive nas colônias de pingüins onde constrói seu ninho e alimenta-se, preferencialmente, das fezes de pingüins, ricas em proteínas. É inteiramente branca e o bico tem uma placa achatada, terminando numa ponta fina.
O biguá tem pescoço comprido e o bico recurvado é fino e longo. A coloração negra recobre o dorso, a cabeça e o bico, enquanto o ventre é inteiramente branco e os olhos azuis. A cor dos olhos faz com que seja chamado biguá-de-olhos-azuis, Phalacrocorax atriceps. Fazem seus ninhos em pequenos montes formados de lama, fezes, penas e restos de vegetais e são utilizados, todos os anos, pelos mesmos indivíduos daquela colônia.
Os trinta-réis são gaivotinhas ou andorinhas-do-mar. Têm corpo delicado com cerca de 38 centímetros de comprimento e são providos de um bico fino e pontudo. O trinta-réis antártico, Sterna vittata, alimenta-se de peixes, pescando-os em vôo de queda livre. O trinta-réis do Polo Norte, Sterna paradisae, é um visitante do Ártico. Nidifica, exclusivamente, no Ártico e migra para a Antártica, fugindo dos rigores dos invernos polares, vivendo nos extremos do planeta, onde os dias são permanentes durante os verões, talvez seja o animal da Terra que mais vê a luz solar.